Embora muitas vezes generalizemos o diagnóstico como “câncer de mama”, é importante entendermos qual o tipo de câncer de mama identificado, pois isso modifica o tratamento. Costumo dizer que devemos saber o “nome” e o “sobrenome” do tumor.
Por “nome” considero o tipo histológico do tumor: se é um carcinoma ductal in situ, carcinoma invasivo sem outras especificações (antigamente chamado de ductal), lobular ou outro subtipo especial.
O “sobrenome” é o perfil molecular, que é definido a partir de técnicas de genética (mais caras). Entretanto existe outra técnica mais acessível, chamada imuno-histoquímica, que aplica anticorpos em fragmentos do tumor e permite classificar os cânceres de mama de uma maneira muito aproximada à classificação molecular. Os marcadores mais comumente utilizados são: receptor de estrogênio (RE), receptor de progesterona (RP), Ki 67 (índice de proliferação) e HER2 (proteína). A partir da combinação desses diferentes resultados, identificamos os 5 principais “sobrenomes” dos cânceres de mama:
Luminal A: apresenta RE e RP positivos, índice de proliferação baixo (Ki 67 <14%) e HER2 negativo. São tumores tratados com terapia hormonal que reduz os níveis circulantes de estrogênio e progesterona no organismo.
Luminal B: apresenta RE e RP positivos, índice de proliferação mais alto (Ki 67 >14%) e HER2 negativo. Também podem ser tratados com terapia hormonal que reduz os níveis de hormônios circulantes. Em algumas situações a quimioterapia pode ser indicada.
Luminal B híbrido: apresenta os mesmos achados do perfil luminal B, exceto pelo HER2, que nessa situação encontra-se positivo. Além da abordagem com terapia hormonal, está indicado o uso de terapia com anticorpos monoclonais que agem no tumor.
HER2: os receptores hormonais são negativos, o índice de proliferação (Ki67) é mais alto e a expressão da proteína HER2 é positiva. Está indicado o tratamento com quimioterapia e anticorpos monoclonais.
Triplo negativo: os receptores hormonais e o HER2 são negativos, com taxa de proliferação (Ki67) mais elevada. A quimioterapia está indicada nessa situação.
Frente à diversidade de tipos de câncer de mama é fundamental o tratamento individualizado, considerando as características da paciente como idade, condições de saúde, tamanho do tumor, tipo histológico e perfil molecular para a definição da conduta e melhores opções de tratamento.